quinta-feira, 14 de abril de 2011

SURREAL SAUDADE

Esta palavra simples, ao que sei, só existe em português, trás de dentro sempre uma recordação boa, uma coisa que marcou e que gostamos de lembrar, mesmo com as lágrimas regando o rosto.  Oh que saudade! Quer emoção mais forte que isso? Saudade, uma lembrança gostosa! Ela concretiza o espaço vazio! Trás o longe para perto, o abstrato não existe, e tudo é concreto! Surrealismo? Sonho? Viagem? Talvez! Não importa o que seja, o que importa é que ela transcende e é capaz de reverter o tempo!  Saudade da querência, dos idos tempos, da mãe, do pai, das coisas de estima, da “cara metade”, da porteira onde “o cão nos recebia sorrindo”, dos momentos... Quem tem saudade teve um passado bom certamente e cada vez que se lembra, faz uma caminhada pela trilha das recordações deixadas tempos idos. Sempre que sentamos ao “som do mar e luz da lua”, como se estivéssemos ouvindo o barulho do silêncio, ela chega de mansinho, como a síntese do invisível e, em absoluta harmonia, mesmo contrariando a física, ocupa o mesmo espaço”! Daí, em simbiose viajamos! O destino? O infinito! E se ao “som do mar e a luz da lua” nos acompanha na sintonia do magnetismo aquele alguém que se quer, estaremos “regando” com momento bom, o presente do amanhã saudoso!

                                          Saudade!!!!!

( MARÇO DE 2008 ) 

terça-feira, 5 de abril de 2011

O CASAMENTO

O casamento é como casa de praia e lancha, no “pop” tem duas alegrias: uma quando se compra outra quando se vende, porque nesse período intermediário só deram dor de cabeça. O meu casamento tinha que ser diferente, por isso deu uma alegria e uma tristeza! Me casei sob o calor da paixão do viver juntinho, durou mais de década e gostava muito da “Mardita”. A “Mardita” era minha paixão, mas tinha um defeito que me levava a loucura! Enquanto eu a comia pelo todo, ela me “comia pelas beiradas”. Pois é! Ela gastava mais que Jackeline Onassis! Comprava tudo o que via, ou imaginava ter visto. Um dia ela viu na internet um supérfluo que seria lançado em 2014, pasmem, ela comprou! Num loteamento lunar com construção de um shopping participativo, ela queria fazer parte com uma cota. Passou por uma casa que vendia ração de cachorro e viu uma ninhada de vira-latinhas engraçadinhos, comprou a ninhada. E onde os colocou? Em cima da cama! E eu fui para o chão! Situação de cão, eu já não a comia mais e ela continuava me comendo pelas beiradas! Já estava numa situação pior que um Prefeito em CPI, com seu malfadado estafe! Aquilo que era mulher... de contra-cheque! E quando o bolso fura, o dim dim escapa e a encrenca chega pelo furo.

No fritar da gordura já rançosa, mas por ainda não estar às raias do não diálogo, sempre tive a esperança de reverter o quadro e evitar os costumeiros barracos que podem advir do ranço. E...fui levando, me convencendo de certa forma que quem inventou o casamento estava no mínimo de porre, mas na esperança de quando comprasse tudo o que havia à venda no planeta, por não haver mais ofertas, não teria como continuar a me comer pelas beiradas e aí daria para tirar o canil da minha cama e voltar aos bons tempos de “comei-vos um ao outro”! Oorra meu!!! A esperança foi a primeira a morrer!
Um dia chegando em casa, com o “tutano pensante” cheio de fantasias e crente que iria reverter o quadro, deparei com a seguinte cena: meus pertences pessoais fora da casa, um oficial de justiça com cara de mau na porta, a Mardita com cara feliz e eu com cara de babaca diante da deplorável cena e ainda não entendendo o que se passava! Para este babaca começar a entender, o oficial de justiça disse: “esta não é mais a sua praia, você está expulso daqui por ordem judicial. Suas coisas estão aí e pode ir deitar na areia de outra praia”. Desmoronei! Como costumava dizer o Palma – foi catastrófico!!! E bota catastrófico nisso! Pois é! A “Mardita” descobriu que era só ir ao juiz e contar uma historinha como se fosse insucesso nas compras, que o juiz colocava o babaca na rua! E foi! Eu muito babaca sempre acreditei que a lei era igual para todos, mas não é, estou na sarjeta até hoje e sem direito a réplica ou tréplica, só me sobrou um indecente nabo na história, e P.F. sifu Você já viu nabo, não é? Então case e veja!

Pitosto Fighe

( DEZEMBRO DE 2007 )

O ESFÍNCTER

Do grego: sphigkter, que quer dizer músculo contrátil, que serve para apertar ou alargar vários ductos naturais do corpo. No caso do esfícter anal cujo conjunto é formado da extremidade do reto, no vulgar tem denominação horrorosa e sempre usado em tom pejorativo ou ofensivo, especialmente entre os latinos.  Mas temos que admitir que o tal de ...U é de tamanha importância que sua determinação autoritária, fez sentar caladinhos, o Napoleão, Hitler, Stalin, Franco, a Dama de ferro, os “caubóis” mais famosos, os bandidos e etc, em submissão total. Caladoooosss! Todos, absolutamente todos nós, nos borramos, diante de sua determinação. Ai!... Se quisermos enfrentá-lo! Podemos estar no mais saboroso e elegante jantar, podemos estar na melhor companhia do mundo, podemos estar no melhor dos sonos, que se ele der um pio obedeceremos com toda a submissão!  Mas sempre usamos a tão déspota e imponente autoridade, como desqualificação, ou ofensa. Se dissermos: a prefeitura é um ...U, ainda mais se for maiúsculo, é o que podemos dizer de mais reles, de mais chulo, de mais desastroso possível, nada supera ao tão feio dessa expressão. Se quisermos ofender pelos extremos e testar a que ponto o ofendido é capaz de defender a sua honra, é só dizer-lhe: é o ...u da mãe!!! Aí o barraco está formado e não tem “puliça” que dê jeito.
Mas eu queria na verdade dizer, que ele tem funções fisiológicas das mais importantes do organismo: a liberação das nossas excrescências. Ninguém suportaria, não fosse o importante trabalho dessa máquina! E é uma senhora máquina. É uma maquineta com garantia para mais de setenta anos vem com “ISO 14 mil”. E sabem quantas vezes ele entrou em ação nesses setenta anos? Já que não sabem vamos lá: 365x70x2=51.100 vezes. É! Cinqüenta e um mil e cem vezes entrou em ação para dizer: é agora valente!!! E nós só no “sinsenhor”, nos borramos submissamente e atendemos com satisfação de atender, como súditos exemplares!
Com tanta importância do malando, eu não consigo entender porque o temos como tão horroroso, tão baixo nível, portador de todos os tabus que se possa imaginar, é o próprio nojento, educamos a criança desde os primeiros passos a não se falar nisso e manter o assunto extremamente discreto. Enfim, tudo é feio, não o refrescamos nem pela importância que tem e, se for dos outros, ainda colocamos pimenta em nome do refresco! Toma jeito bicho homem!!!
Que coisa humana!!!
Pitosto Fighe

( NOVEMBRO 2007 )

OKTOBERFEST

De Blumenau - Pitosto Fighe

Não agüentei, este ano tive que dar um giro até Blumenau para conhecer a Oktoberfest, a badalada segunda maior festa cervejeira/chopeira do planeta. “Festa para ninguém botar defeitos”. Creio que seja difícil encontrar uma festa com tanta gente feliz junto, o que me leva a acreditar que felicidade abre o apetite e dá sede, porque comem e bebem extravagantemente. Eta festa boa! Todo mundo acha graça de tudo.

É um lugar ótimo para contar piadas, pois o cara já está embalado no riso e aí se ri até da tempestade. Dá até para afirmar que primeiro se solta a gargalhada e depois se conta a piada. No próximo ano vá, que lhe fará bem.
Agora, se quiser sair do Abraão, então não vá. Abraão estava lá em peso. Fiquei sabendo de todo o episódio do Marcelo Russo sem voltar. Encontrei feliz da vida o Italiano do Paraguai, com uma sérvia a tira-colo. Fizemos uma tremenda “esbórnia” e na hora ir embora “Alzheimer” atacou”, esquecemos de marcar encontro ou de dizer onde estávamos hospedados, aí não nos encontramos mais. Vi o Resta 1, com um canecão maior que ele, parecia uma caixa d´agua com cabo; o Eduardo Galante curtiu como se estivesse na ABAV, feliz que só pinto no lixo.  Bem estava cheio de gente daqui, só que eu não sei os nomes e se for dizer os apelidos aí pega. Ah! Encontrei também o Badjeco das Neves (Denis), já está de volta cheio de gás. Lá estavam ainda o Manezinho de Floripa (Leandro) e o Piero. O Piero está com a asa caída, pois andando de moto na Itália caiu e quase atravessou os Alpes rolando pela auto-pista! Está meio biônico, mas o etílico ainda o move bem! A Maria continua seu patrimônio (l´amore é bello)! Não sei o que o Palma foi fazer lá, pois não bebe chopp...
 Bom, era meu recadinho para este mês.


( OUTUBRO 2007 )

O DIA EM QUE EU MORRI

Um dia tive que morrer e, em um lugar onde as regras eram diferentes das nossas. Em uma de minhas andanças fui parar lá. Este lugar parecia em outro planeta, mas pela “macabrice” das coisas deveria ser nos Estados Unidos. Lá tem muita coisa estranha. O lugar tinha regra até para morrer. Mas eram tantas as regras que eu estava sempre fora delas, não conseguia me encaixar em nada. Imaginem o Pitosto cumprindo regras se nem no Brasil, que não tem, se encaixava direito.
Um dia recebi um aviso, que dali três dias eu deveria ser enterrado, o que queria dizer que eu morreria no máximo depois de amanhã. Aí, procurei me informar e fui à Spigtura* do local, muito contrariado porque estava bem na vida e não queria morrer! Um cara feliz nunca quer morrer! Tentei dialogar com o “Betankâmon” (apelido do Subprefeito) deles lá na Spigtura e levei um esporro tão grande, que achei melhor morrer. Sujeitei-me às regras e disseram-me o seguinte: aqui só se morre no ato de enterrar, mas avisa-se uns dias antes, que é para você providenciar o enterro com todos os rituais que preconizam as nossas regras. Fui ver a lista de providências que deveriam ser tomadas e era uma loucura! Entre mil coisas, deveria convidar as autoridades, os amigos e também o maior inimigo, os parentes, todas as mulheres do local, com as quais pratiquei adultério e se fosse casado, a minha obrigatoriamente tinha que estar lá, providenciar a festa de encerramento da life, com um jantar de topo gastronômico, com uns pratões tipo o “tesouro de tortuga” do Corsário Negro e o “papardelle al filetto” do Toscanelli, “Medalhão à pimenta  verde do Dom Mário, entre outros. A lista das bebidas era outra loucura! “Bebiam o morto” ainda vivo. Tinha que providenciar a abertura da sepultura, caixão com um monte de inscrições obrigatórias, pagar todas as contas inclusive a dos papa-defuntos. Gente, era muito mais prático não morrer, mas a questão era irreversível. Ah! Tinha que convidar as gatinhas “carpideiras”, para chorar de forma comoventemente-sexy, a única coisa razoável até agora. Bem, mas desastrosamente chegou a inquietante hora do enterro. Meio dia do dia “D”. Fui para perto da sepultura, todo de terno, coisa que não gosto de usar, mas era obrigatório, cheio de gente em volta, todos com olhar espantado, mas curiosamente felizes. Os que se diziam meus inimigos, que não sabia tê-los, estavam radiantes, as carpideirinhas sexy choravam a cântaros, fazendo uns biquinhos encantadores e, eu feito um paspalho pronto para deitar no caixão e ser enterrado. A coisa mais ridícula, imbecil e macabra que se poderia imaginar!  Mas nestes três dias que precediam este ato “abestadamente” solene, fiquei tão preocupado com as regras que não consegui pensar neste louco momento de adeus à life. Nesta última horinha, deu-me um estalo: aqui se morre porque o governo quer e nos enterram vivos, eu estou saudável e só quero morrer quando virar bagaço, não posso morrer cheio de saúde, me rebelei com inflamado discurso contra este ato nada democrático. Eu nunca poderia imaginar o quanto estava ofendendo aqueles babacas e, me pegaram de porrada. No tumulto bati com a cabeça no túmulo do futuro vizinho e desmaiei. Aí ficou dramático, eu estava imóvel pela pancada, mas consciente e ouvia todo mundo gritando: enterrem este fora da lei, este estrangeiro imbecil, que não gosta de morrer! Não gostar de morrer é um sacrilégio!  E... muito sob protesto fui para o sub-solo na marra!
E agora Pitosto?
Imóvel, consciente e absurdamente enterrado vivo. Restava uma única esperança. Os vagabundos lá do cais, sabiam que eu tinha algum dinheiro, lá também era cheio de pilantras (semelhante ao congresso). Como fui enterrado fora das regras por ser o único reacionário do local, esqueceram de retirar os meus pertences e isso era praxe, fazia parte do ritual. Se eles se dessem conta, com certeza ao cair da noite eles viriam para pelar o defunto. Aí começou o outro drama: economizar o oxigênio do pouco de ar que sobrara no caixão para durar até a chegada dos pilantras salvadores. Puxa! Eu respirava só um centímetro cúbico cada vez, para poder agüentar até a chegada dos vagabundos. Nunca imaginei esperar ladrões e, pedindo a Deus que viessem. Como estava contra o tempo, fui arquitetando uma astúcia para quando os vadios chegassem eu poder convencê-los não me matarem de verdade... não me vinha à cabeça nada convincente! Manjam aquela hora que nada se encaixa? Bem era esta! Mas eis que chegaram! Uma infernal barulhada de pás tirando a terra e rapidamente chegaram ao caixão. Eu já agonizando por falta de ar! Mas sempre tem aquele momento derradeiro de força, e era minha esperança. Pois bem, quando abriram o caixão, entre desespero, felicidade, medo e falta de ar que eu estava, sentei com tanta rapidez que parecia uma mola. Tóin in!!! Obviamente estava com os olhos esbugalhados, já com cor de cera e cara de defunto. Diante da cena, os vagabundos do cais, dispararam apavorados, sem rumo e desapareceram! Eles tinham pavor de fantasma! Aproveitei a última chance e fugi para um país vizinho, onde aparentemente tinha menos regras, possivelmente o Canadá. Mas o país das malditas regras onde eu havia morrido, já tinha comunicado que eu morrera, para todos os países vizinhos. Em lá chegando, logo ao me identificar, tive a resposta: não tem nada contra você, mas você está morto e aqui as leis são duras para quem já morreu e o “cabeça de bagre” que me atendeu, entregou-me um livro da grossura de uma enciclopédia. Pasmem, o título era: regras para mortos. Gente! Me deu uma saudade daquele Abraão sem regras que eu havia conhecido e deixado!!! Entrei em desespero outra vez. Neste momento concluí: antes tivesse morrido sufocado naquela sepultura!
Para minha felicidade acordei neste instante! Uff!!!! A primeira coisa que fiz, foi imaginar que este povo do Abraão “é feliz e não sabe”! Viva o Abraão sem regras! Graças a Deus acordei aqui! Mais suado que gordo em sauna! Emagreci três quilos no pesadelo! UFF!!!              
*Spigtura: Subprefeitura da Ilha Grande.   

( SETEMBRO 2007 )